quinta-feira, 17 de maio de 2012

Querô


Artigo baseado no Filme Nacional “Querô”


Quer criar um bandido? Mande-o para a CASA. É isto que o filme Querô mostra. A escola de bandidos ironicamente é a mesma instituição que foi criada para “corrigí-los” para a sociedade. Imagine um pit bull preso, acorrentado em um quartinho, só com água e uma porção mínima de comida. Depois de 6 meses ele consegue fugir desse quartinho. Imagine o que este cão fará... Ele trucidará quem passar pela sua frente. E não importa se é uma pessoa de 2 metros de altura ou uma criança de 6 meses. Este cão estará com raiva e faminto por liberdade. É mais ou menos o que acontece com a MAIORIA das crianças e adolescentes que vão para uma CASA, ou melhor, para a FEBEM. Não quero dizer que as crianças e adolescentes que vão para a CASA são cães. O que estou querendo dizer é que, independente de ser humano ou um cão, quando criaturas são presas em um “quartinho” que só lhes oferece violência contra o seu corpo e mente, a raiva nasce. E essa raiva quer ser extravasada.
“Raiva é um negócio que ninguém tira da gente... Raiva a gente não pede, a gente ganha!”. Essas são as frases iniciais do filme e são as mais marcantes. Mostra exatamente o que milhões de crianças e adolescentes sentem pelo mundo. Isso porque são abandonadas pelos pais, passam fome, são maltratadas e humilhadas todos os dias. Seus corpos são abusados e corrompidos. Então, a única opção que essas crianças enxergam é o ódio. E é através dele que dão os primeiros passos no caminho do crime. Talvez a única opção que uma criança que mora na rua vê seja roubar, se prostituir ou vender drogas, porque ela precisa sobreviver de alguma forma. Aí a polícia prende o “menor infrator” e o manda para a CASA. Aí sim, a criança poderá aprender a entrar direito no crime. Depois de 10 anos essa criança poderá estar morta por causa do crime e enterrada em qualquer lugar como indigente. Só que antes de morrer, poderá ter matado muitos. Inclusive, um filho teu...
Não adianta o país construir milhares de CASAS se essas não possuírem um método de correção baseado no respeito e na ética para com o próximo. Violência só gera violência. Ainda mais quando se trata de crianças. Tudo que ela vivenciar na infância, será refletido quando ela se tornar um adulto. Projetos bons para ajudar a evitar que crianças ingressem no mundo do crime são o que não falta no país. O que falta é o interesse do governo e do próprio povo brasileiro que não está nem aí para o que acontece com suas crianças. Projetos que utilizam o esporte, música, artes, literatura e o respeito para com o próximo existem muitos no Brasil. Só que os políticos talvez achem que esses projetos sejam um “roubo” para os cofres públicos, ou melhor, um “roubo” para os bolsos deles.
Aí preferem fazer projetos como o do “lenço umedecido para limpar carrinhos de compras no supermercado” ou um projeto que declare o “dia oficial do torcedor americano” ou ainda o projeto de “colocação de mensagens sociais nas assinaturas de e-mails de órgãos públicos". É só verificar que projetos como estes existem na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que de acordo com a ONG Transparência Brasil, 3016 projetos não tem relevância nenhuma para a população mineira. Então, os nossos “queridíssimos” deputados estaduais gastam por ano uma quantia de quase 1 bilhão de reais para manter a Assembleia com projetos como estes. Imagine o que 1 bilhão de reais por ano poderia fazer de bom para as crianças de rua... Ops! Não posso falar mal do governo de Minas Gerais! Aqui, eles têm a “mania de caçar” quem fala mal deles... Agora já era! Você também pode dar uma “passeada” pela “casinha” da Dilma, o Palácio da Alvorada, e ver quanto de dinheiro é gasto para manter aquela mansão. Eu dei uma “passeada” por lá e fiquei boquiaberta em imaginar os gastos que são feitos para manter aquele luxo. Enquanto as nossas crianças dormem na rua, os nossos políticos dormem em “camas” de ouro...
Estamos em uma guerra silenciosa que só ganha alguma voz baseada no som de um tiro de arma. Enquanto não entendermos o conceito de comunidade não saberemos o que é a verdadeira sociedade.  O que se passa com uma criança em outro estado, interfere sim, diretamente em nossas vidas. Aquela criança poderá ser em um futuro não muito distante, um assassino que mata você ou seu filho por causa de dinheiro. Um diálogo interessante do filme Querô é quando a assistente social pergunta o que ele fará quando sair da FEBEM. Ele, então responde “Tenho que conseguir uma arma”. Milhares de crianças pensam como Querô. Porque é através da arma que elas conseguem chamar atenção de um povo que só pensa em “bunda” grande, futebol e putaria.

Filme completo:

 

Reportagem CQC sobre a Assembleia de Minas Gerais


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