quarta-feira, 18 de maio de 2011

Crônica: Bombardeios de notícias

Crônica baseada em notícias vinculadas no Brasil no mês de maio de 2011          
         
                 Chega! Eu não aguento mais ser bombardeada por tantas notícias! Já estou sofrendo de gastrite nervosa de ouvir tanta pilantragem por aí! Achei que esse ano de 2011 seria um ano de paz e tranquilidade, mas me enganei. Só nesta semana o que eu vivi foi um pesadelo de informações digno de um filme de Hollywood. Na segunda-feira, fui toda feliz abastecer minha moto e descobri que a gasolina subiu para R$3,00 o litro! Como assim, se o Brasil é auto-suficiente em petróleo? Fiquei alterada no posto, comecei a xingar e para piorar a situação, o frentista achou que eu estava xingando-o. Resultado: levei um belo sermão do gerente do posto.  De mau humor, cheguei no escritório, liguei meu notebook , conectei à internet e lá estava a notícia: “O Brasil é um dos países que mais paga impostos no mundo!” Até no preço de uma bala está embutido em média 37% de impostos. Que absurdo!
          Na hora do meu almoço, fui à casa de meu irmão levar uma “lembrancinha” de aniversário para minha sobrinha. Aí a danada chega perto de mim e solta:
              - Tia, os menino da minha sala apronta muito.
             Então, eu, na maior paciência do mundo, fui tentar corrigi-la:
               - Não é assim que se diz, Gabriela! É assim: Os meninos de minha sala aprontam muito.
             A esperta, para tirar uma onda com minha cara, rindo disse:
              - Está certo dizer assim agora, tia! Olha no meu novo livro didático! Será que daqui uns dias “pode” também escrever nas “redação” como a “gente” escreve na “internet”?
             E estava lá! O danado do livro e a danada da minha sobrinha! Ambos estavam rindo de mim! Indignada, pensando que eu estava ficando velha demais com os meus 29 anos ou estava no planeta errado, fui para as aulas de legislação na auto-escola. (É isso mesmo, não tenho carteira mesmo, não! Mas estou tirando!) O carismático professor começou a aula dizendo sobre o Seguro Obrigatório ou simplesmente DPVAT, aquele seguro que é o arrombo no bolso do dono de veículo todo ano. Descobri uma revelação que nem todo brasileiro sabe! O carismático professor revelou que em um acidente de trânsito com vítima fatal ou vítima com danos permanentes, o Seguro Obrigatório libera cerca de 40 salários mínimos, ou seja, se o salário mínimo é R$570,00 então, o valor liberado é de R$ 22.800,00. Mas apenas R$13.500,00 vai para a vítima ou para a família da vítima. O restante vai para quem? Para o governo! Ele ganha R$ 9.500,00 em cada acidente com vítima fatal ou com vítima com danos permanentes. No Brasil a média anual de vítimas fatais em acidentes de trânsito é de 43.000, então o governo lucra por ano uma média de R$ 408.500.000,00. Isso mesmo: mais de 400 milhões de reais por ano! Neste momento da revelação minha gastrite piorou: descobri que o governo lucra com a morte das pessoas no trânsito!
           Com tanta matemática na cabeça e com o estômago doendo, fui embora para casa. Minha mãe estava vendo o Jornal Nacional e soltou:
               - Nossa, que carro bonito!
           Fiquei curiosa pelo tal carro. E aí mais uma bomba: a prefeitura do Rio de Janeiro havia aprovado a compra de mais de 50 carros importados no valor de quase R$62.000,00 cada para vereador. Isso dá mais de 3 milhões de reais! Mas graças à pressão popular, a câmara dos vereadores voltou atrás e “disse” que não ficará com os veículos. Mas até agora a Fiat não foi informada oficialmente sobre essa decisão... E será que será?
             Mais bombardeios invadem minha cabeça: Neymar será papai; a bolsa de valores caiu; Obama disse que a dívida dos EUA está no teto; a reconstrução do Maracanã para a Copa ficará em 2 bilhões de reais; garota de 18 anos matou o amante...Chega! O que eu tenho haver com a vida do Neymar? Agora, a reconstrução do Maracanã mexe com o meu bolso! Mais números! Não consigo mais pensar! Acho que irei fazer como os 90% dos brasileiros: fingir que não tem nada de errado com o Brasil e assistir a novela das oito.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Descobrimentos modernos (A Doutrina do Choque)

Artigo baseado no documentário: A Doutrina do Choque - A Ascensão do Capitalismo do Desastre

         Voltamos aos primórdios da colonização. Os grandes descobrimentos estão acontecendo novamente, só que não são descobrimentos de terras, mas de oportunidades capitalistas. Como todo descobrimento, é acompanhado de repressão e violência e agora um ingrediente novo: a terapia do choque. Na década de 50, em Montreal, no Instituto Memorial Allan, um chefe de psiquiatria, Dr. Ewen Cameron criou um método de choque para apagar a mente dos seus pacientes e reconstruí-la a partir do zero. Essas técnicas apareceram no manual Kubark de interrogatório da CIA. Este manual diz: “É uma hipótese fundamental deste manual que estas técnicas são métodos de indução de regressão da personalidade. Há um intervalo que pode ser muito curto, de animação suspensa, uma espécie de choque psicológico ou paralisia. Interrogadores experientes reconhecem quando surgem esses sintomas. Sabem que nesse instante, a fonte é mais suscetível a sugestionamento, mais propensa a cooperar do que antes de receber o choque.” Um professor de economia da Universidade de Chicago, Milton Friedman viu nessa terapia de choque uma oportunidade incrível para o capitalismo. Ele acreditava que a terapia do choque econômico poderia estimular sociedades a aceitar uma forma mais pura de capitalismo desregulado. Ele afirmava que se o governo parasse de prover serviços e de regular os mercados, a economia se corrigiria sozinha. Nos anos 50, ele foi considerado louco, mas nos últimos 30 anos, suas ideias se tornaram a doutrina econômica dominante. Essas doutrinas que dominaram o mundo através de choques, precisaram de crises e estados de emergência. “Só uma crise real ou pressentida, produz mudança verdadeira. Quando a crise acontece as ações que são tomadas dependem das ideias à disposição”, dizia Friedman.

               O governo americano fez várias experiências com a terapia de choque econômico através de ditaduras em países como o Chile, Argentina e inclusive Brasil. A sua última experiência começou no dia 11 de setembro de 2001, após os ataques às torres gêmeas. Esses ataques foram tão bem arquitetados para se conseguir uma nova terapia de choque, que quase ninguém percebeu. Atribuir a Al-Qaeda e à Bin Laden os ataques foi só um pretexto para alavancar uma nova indústria altamente rentável: a indústria armamentista americana. Se os EUA queriam atacar um país onde os líderes da Al-Qaeda poderiam estar escondidos, que possuía armas nucleares e vendia tecnologia nuclear a outros países, o Paquistão seria a opção óbvia. Pois tinha estreitas relações com os talibãs e era governado por um ditador militar. Mas o país alvo, o novo descobrimento capitalista foi o Iraque: a terceira maior reserva de petróleo do mundo.

               Após “descobrir” e conquistar o Iraque, o governo americano demitiu 500 mil funcionários públicos iraquianos e a “bonitinha” ajuda dos EUA foi exclusivamente para as empresas americanas instaladas no Iraque. O trabalho escravo ficou para o povo iraquiano. Foi um descobrimento capitalista muito rentável para as indústrias americanas, pois faturaram bilhões. A Creative Associates ganhou contratos no valor de 100 milhões de dólares para criar o currículo e imprimir novos livros para o sistema educacional. A firma de gestão e tecnologia, Bearing Point, ganhou contratos no valor de 240 milhões para construir um sistema mercantilista no Iraque. A RTI, da Carolina do Norte, ganhou contratos no valor de 466 milhões de dólares para assessorar a implantação da democracia no Iraque. A Halliburton recebeu 20 bilhões de dólares, além de contratos no Iraque. A Parsons recebeu 186 milhões de dólares para construir 142 clínicas onde, apenas 6 foram concluídas. Até a nova moeda iraquiana foi impressa no exterior. Tudo isso com o dinheiro do petróleo iraquiano. As indústrias americanas tomaram o Iraque e fazem o que bem entendem, pois depois de um grande choque, a sociedade está mais suscetível a aceitar qualquer transformação na economia.

                Em 2001, o boom das notícias era o 11 de setembro. Em 2011 é a suposta morte de Bin Laden pelas tropas americanas e a retaliação por parte da Al-Qaeda. É bem notável que estamos diante de uma nova terapia de choque. As indústrias americanas querem mais. É claro que mais uma farsa do governo americano está por vir. Resta saber qual o país será o alvo do “descobrimento” capitalista. Pode ser a China, a Rússia, a Coréia do Norte ou quem sabe o Brasil. Talvez os americanos, para invadir o país, aleguem que os brasileiros estão escondendo líderes da Al-Qaeda ou então armas nucleares. Tudo em nome da guerra contra o terrorismo ou do descobrimento capitalista? Não somos a terceira maior reserva de petróleo do mundo, mas somos a primeira maior reserva de água doce. Dizem que no futuro, água valerá mais que ouro...


TRAILER DO DOCUMENTÁRIO A DOUTRINA DO CHOQUE

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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Olga X Mulheres Frutas (Olga)

Artigo baseado no filme OLGA


             A cultura celta tinha um grande respeito pela figura feminina, pois era uma sociedade matriarcal. As mulheres celtas cuidavam das plantações, enquanto os homens cuidavam da caça. Por esse motivo e por outros, eram respeitadas, pois através delas, as sementes germinavam. Elas geravam os filhos e davam seqüência a linhagem celta ao mesmo tempo em que travavam batalhas para defender seu povo. Eram consideradas guerreiras e deusas pelos homens. Segundo historiadores, a terra de origem dos celtas era uma região da Áustria, perto do sul da Alemanha. A mesma Alemanha onde nasceu Olga Benario. Olga não era uma celta, mas seu espírito guerreiro lembrava muito as mulheres celtas que um dia habitaram a Alemanha. Ela lutou bravamente para defender o seu povo e outro que não era o seu.  Mas, ela não viveu em uma sociedade matriarcal como os celtas.

               Olga viveu em uma sociedade patriarcal, dominada por homens, onde o papel de uma mulher era somente ter filhos e ser uma pacata e calada dona de casa. Ela se destacou das demais, lutando para libertar seu povo e assumindo um papel de liderança árdua entre os seus companheiros. Era rebelde, ousada e possuía uma inteligência que despertou paixão e ódio. Olga não pôde usufruir dos frutos do movimento feminista e por isso, não teve os direitos que as mulheres atuais têm. Ela lutou contra o seu tempo. Atualmente as mulheres conquistaram o seu espaço e conseguiram se destacar em um mercado de trabalho dominado pelos homens. Nós, mulheres, conquistamos a tão sonhada independência do mundo varão.  Mas, ao mesmo tempo em que conquistamos direitos, conquistamos também rótulos dignos de propaganda de cerveja.
               Hoje em dia, na maioria das vezes, o valor da mulher não está em sua capacidade de organização ou nem mesmo na sua inteligência. A mulher se destaca pelo tamanho de suas nádegas ou dos seus seios. São até rotuladas de mulheres frutas ou mulheres gostosas. É um triste quadro de como as mulheres são vistas no século XXI. Nada contra a mulher moderna ter um corpo bonito, mas quando isto significa ser vista como “mulher objeto”, faz cair por terra todos os ideais que um dia, outras mulheres, como Olga, lutaram e conquistaram. A mulher moderna esqueceu-se de como é lutar pelos seus direitos e disse “sim” ao mundo patriarcal. Disse “sim” ao “sou mulher objeto”, disse “sim” ao “me bata, eu aceito”, disse “sim” ao materialismo desenfreado.
               Será engraçado imaginar como, nós, mulheres atuais, seremos lembradas daqui a 50 anos. Seremos lembradas pelo tamanho de nossas “bundas” ou dos nossos “peitões” implantados cirurgicamente. Quem sabe seremos lembradas pelo nosso modo selvagem na cama ou pelo modo de como armávamos um “barraco” quando irritadas. Será horrível ter a nossa geração lembrada desse jeito. Infelizmente, estamos caminhando para isso, pois hoje, somos educadas para serem assim: mulheres objetos. É isso que nossas meninas vêem na TV, pois são educadas por desfiles de moda de uma sociedade que cultua o corpo mais do que a mente e inteligência.  Estamos criando um exército de mulheres objetos e seremos lembradas por isso. Diferentemente da geração de Olga, que lutou, ousou e fez a diferença em uma sociedade cheia de valores machistas. Essa geração pulsava conhecimento, ansiava por liberdade e por isso produziu mulheres respeitadas e guerreiras como as antigas celtas.
               A resposta para alterarmos o nosso quadro futuro está mais uma vez na mudança da educação de nosso povo. Através da educação, muda-se um país e sua visão. Quem sabe assim, seremos lembradas como mulheres lindas e inteligentes que um dia mudaram um país para melhor. E não como mulheres que só têm a “bunda” do tamanho de uma melancia e o cérebro do tamanho de uma azeitona. 

TRAILER DO FILME OLGA


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segunda-feira, 28 de março de 2011

Estou na época errada (Batismo de Sangue)

Artigo baseado no filme: BATISMO DE SANGUE



               Definitivamente eu estou na época errada... Estou na época de freqüentadores de escolas e universidades e não de verdadeiros estudantes. Pude comprovar isto vendo o filme Batismo de Sangue, onde os estudantes eram unidos e lutavam por um ideal: a liberdade do nosso país. De 1964 até 1985 a ditadura corroeu a democracia e a liberdade do Brasil. Apesar de ser uma época sombria, foi a época mais produtiva de pensamentos e ações sociais por parte dos estudantes. Eles pensavam e agiam, diferentemente de hoje, onde, na maioria das vezes, temos “estudantes” bêbados e dançarinos de forró universitário. Não quero dizer que dançar ou beber seja algo dantesco, mas torna-se dantesco aliado ao fato de não pensar e agir socialmente. E é exatamente isso o que acontece atualmente.
               Fico imaginando o que pensa, por exemplo, Frei Betto ou qualquer universitário da década de 60 sobre a posição desses atuais freqüentadores de universidades. Se eu tivesse sido uma estudante militante daquela época, eu estaria em uma depressão profunda em ver a situação da educação brasileira. Principalmente sabendo que muitos dos companheiros universitários morreram torturados no pau-de-arara defendendo a liberdade do país. Morreram lutando por um Brasil melhor e, como legado, herdaram estudantes despreparados e desinteressados pela situação do país.
               Essa herança é pior do que a tortura de ter o corpo mutilado ou ter o psicológico arrasado. Se o delegado Freury estivesse vivo, iria adorar a situação da educação de hoje. Não teria que sujar as mãos de sangue para torturar estudantes, pois estes, já não defendem ideal algum. E há idéias e lutas a serem travadas no nosso país. Há a luta pela igualdade social, a luta contra a fome e pobreza, há a luta contra todos os tipos de violência, a luta pelo meio ambiente, há a luta por uma educação melhor. Quem se interessa por essas lutas? Pode-se contar nos dedos quem se interessa...
               É extraordinário o modo como o governo conseguiu “domesticar” a ira estudantil. Foram direto na fonte da criação dessa ira: a educação. Perceberam que se conseguissem mudar a educação, conseguiriam conter os estudantes. Pois, os militantes estudantis contra a ditadura de 64 estudavam a fundo política, filosofia, sociologia e história. E essas matérias estimulavam o pensamento sobre liberdade e igualdade social. Esta é novamente a prova de que uma educação “pensante” é a chave para se mudar um país. Hoje em dia, os estudantes não gostam de sociologia e muito menos política. Será por quê?
               Gosto de estudar a ditadura militar e ver a bravura dos estudantes. Eram guerreiros e anjos. Lutavam por um ideal e morriam por ele. Ao comparar a nossa época com a da ditadura, percebo que quase nada mudou. A ditadura acabou, mas temos uma falsa democracia e uma censura maquiada. Talvez, algumas coisas mudaram para pior. Os estudantes daquela época estariam, nesse momento, discutindo sobre a liberdade do povo, os de hoje estão discutindo sobre quem deve ganhar o BBB. É por isso que eu digo: estou na época errada. E você?


TRAILER DO FILME BATISMO DE SANGUE
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"Batismo de Sangue" - 2007
FICHA TÉCNICA
Diretor: Helvécio Ratton
Elenco: Caio Blat, Daniel de Oliveira, Cássio Gabus Mendes, Ângelo Antônio, Léo Quintão, Odilon Esteves, Marcélia Cartaxo, Marku Ribas.
Produção: Helvécio Ratton




quinta-feira, 24 de março de 2011

A Casa Vermelha (Anjos do Sol)

Artigo baseado no filme: ANJOS DO SOL

  
             Casa Vermelha... Este país não deveria se chamar “Brasil”, mas sim “Casa Vermelha”. A pensão sexual onde tudo é permitido: pai vende filha para ter como sustentar os outros filhos; criança é leiloada como um gado; criança é estuprada; criança não sabe ler; mulheres são tratadas como mercadorias e por aí vai. É o nosso grande Brasil, ou devo dizer: grande Casa Vermelha. O filme Anjos do Sol dá um tapa na cara de cada brasileiro e implora para que vejamos o que está acontecendo com nosso povo.
               “Primeira vez aqui na Casa Vermelha é sempre com o padrinho aqui. Vai deita... Deita porra!”. Esta é uma frase marcante do filme, mas que resume a situação de milhares de crianças que são exploradas sexualmente no Brasil. A primeira vez que a infância é roubada e a primeira e única vez que a inocência é ferida e destruída. Quantas crianças, agora, neste momento, estão ouvindo uma frase parecida com esta citada no filme? Será que não é o momento de exigirmos a castração química desses pedófilos ou preferimos que a Comissão de Direitos Humanos continue a protegê-los alegando ser cruel este tipo de castração?
               A pessoa que viola uma criança é um monstro. Seja a violação do seu corpo ou dos seus sonhos. Convivemos com monstros diariamente, eles podem ser seu irmão, seu pai, sua mãe, seu amigo, seu marido, seu filho. Ele pode estar escondido, mas espalhando o medo em cada criança violentada. Um medo que deixará conseqüências psicológicas dessa violência pelo resto da vida. Sem contar, que a criança violentada tem chances enormes de ser um futuro violentador e fazer a história se repetir.
               Até quando vamos continuar a vender nossas crianças e sustentar o vício de milhares de pedófilos espalhados por nosso país? Estamos sim, vendendo-as, quando fechamos os olhos para a situação da sociedade e da educação brasileira. Cada um de nós tem a sua parcela de culpa quando não cobramos dos nossos governantes uma atitude para mudar esse país, quando votamos nos nossos representantes sem estudar os projetos por eles oferecidos.         
               É interessante como a personagem Maria é o retrato da situação do nosso país. Ela não somente é vítima da pedofilia e da exploração infantil. Ela é a vítima da pobreza, da fome, da má distribuição de renda e da péssima situação da educação. Maria representa todos os brasileiros espalhados por essa imensa Casa Vermelha. Maria é a Marina, sua vizinha, é o José, o vigilante da faculdade que você estuda, é a Paula, a filha do gari, é o Antônio, que é o pai da Paula. Maria é o seu próximo à direita ou à esquerda, à sua frente ou às suas costas. Maria é a moradora da Casa Vermelha, onde todos os dias muitos violentadores se põem em fila na porta do seu quarto esperando que ela abra as pernas e chore de dor. 

TRAILER DO FILME ANJOS DO SOL

LINK PARA DOWNLOAD DO FILME:
http://www.megaupload.com/?d=2LUQE72P 


“Anjos do sol”- Brasil – 2006 - Direção: Rudi Lagemann – Com Antônio Caloni, Chico Diaz, Vera Holtz, Otavio Augusto, Fernanda Carvalho

segunda-feira, 21 de março de 2011

A história se repete (O desastre de Chernobyl)

Artigo baseado no documentário: O DESASTRE DE CHERNOBYL 



             Sexta-feira, 25 de abril de 1986. Era um dia lindo de primavera na Ucrânia. Todos da cidade de Prypyat esperavam ansiosos a inauguração do parque de diversões que seria no próximo domingo. Enquanto esperava seu filho voltar da escola, Jenna, uma jovem mãe de 25 anos, amamentava seu bebê. Ela estava feliz, pois tinha tudo o que sempre sonhara: 2 filhos lindos, um marido maravilhoso e um lugar tranqüilo para se viver. Jenna fazia planos para o domingo em família. Iria fazer um piquenique com os 2 filhos e o marido e logo depois iriam para o parque de diversões. Seria um dia perfeito para a família.  O que Jenna não imaginava é que este dia de sonhos nunca chegaria. O que chegaria seria um dia de pesadelos para todos da pequena Prypyat e para o mundo inteiro. O maior desastre nuclear estava pronto para acontecer e acabar com centenas de milhares de vidas: o desastre de Chernobyl.
               Uma série de explosões em uma usina nuclear a 3 km da cidade seria o tema de discussões sobre até que ponto a humanidade se arriscaria a utilizar a energia nuclear. Parece que o desastre de Chernobyl não adiantou muito. Os próprios homens construíram seu pior inimigo. E não é qualquer inimigo. É o mais poderoso, o mais mortal, o mais perfeito. E um detalhe que faria inveja em toda a Al-Qaeda: era um inimigo invisível. Mesmo com a dizimação de milhares de vidas e a contaminação de solos, vegetação e água pela radiação, as nações não aprenderem quase nada com o desastre de Chernobyl. Ainda continuamos a “brincar” com o nosso maior e pior inimigo.
               Estamos no ano de 2011, dia 11 de março, Japão. Kito, assim como Jenna, 25 anos antes, espera seu filho sair da escola. Ela estava feliz porque tinha a família perfeita: um marido maravilhoso, um filho lindo e morava em um país de primeiro mundo. Um país super desenvolvido, com aparatos tecnológicos de última geração. O país dos sonhos de qualquer cidadão. Kito planejava o próximo domingo com a família: iriam para a praia. Seria um dia perfeito. Mas aquele dia também não aconteceria. Um tsunami varreu a cidade de Kito e o pior inimigo da humanidade, antes encarcerado na usina nuclear, estava solto.  Rondando não somente a família de Kito, mas todo esse país mega desenvolvido e, porque não dizer, rondando o mundo.
               É engraçado como a história se repete. As histórias de Jenna e Kito são parecidas e ambas foram marcadas por tragédias. A história de Jenna sabemos o final. Todos da sua família foram contaminados pela radiação. Jenna perdeu seus 2 filhos e marido. Ela foi a única que sobreviveu. Atualmente está com câncer de tireóide e já sabe que a morte a espera. Já a família de Kito sobreviveu ao tsunami, mas resta saber se sobreviverá à radiação.
               As tragédias de Chernobyl e a do Japão estão sendo marcadas também por outro inimigo criado pelo homem: a mentira. Em Chernobyl, o governo soviético não divulgou os fatos reais para a população na época. Somente depois de 20 anos que o mundo foi saber a gravidade dos acontecimentos de Chernobyl. No Japão, o governo diz que a situação está sob controle. O que mais intriga é que em Chernobyl até hoje a situação não está sob controle, pois a radiação continua a contaminar solo, vegetação e água. Isso sem contar que o sarcófago criado sobre a usina tem “validade” de 30 anos. Já se passaram 25 anos e ainda não há um novo sarcófago. A Ucrânia não tem dinheiro para construí-lo. Como o Japão em apenas 1 semana está com a situação sob controle?
               Está claro para o mundo que a história se repete. O nível de radiação no Japão pode ser comparado ao nível de radiação em Chernobyl. E não estamos distantes de um desastre nuclear. Será que ainda assim vamos continuar a “brincar” com o nosso maior e pior inimigo ou vamos procurar uma fonte limpa de energia? O que não aprendemos é que o maior triunfo de um país pode ser a sua pior tragédia. A humanidade é como um bebê brincando com uma afiada faca. E mesmo com cicatrizes profundas, continua a brincar...

Vídeo: O desastre de Chernobyl