quarta-feira, 11 de maio de 2011

Descobrimentos modernos (A Doutrina do Choque)

Artigo baseado no documentário: A Doutrina do Choque - A Ascensão do Capitalismo do Desastre

         Voltamos aos primórdios da colonização. Os grandes descobrimentos estão acontecendo novamente, só que não são descobrimentos de terras, mas de oportunidades capitalistas. Como todo descobrimento, é acompanhado de repressão e violência e agora um ingrediente novo: a terapia do choque. Na década de 50, em Montreal, no Instituto Memorial Allan, um chefe de psiquiatria, Dr. Ewen Cameron criou um método de choque para apagar a mente dos seus pacientes e reconstruí-la a partir do zero. Essas técnicas apareceram no manual Kubark de interrogatório da CIA. Este manual diz: “É uma hipótese fundamental deste manual que estas técnicas são métodos de indução de regressão da personalidade. Há um intervalo que pode ser muito curto, de animação suspensa, uma espécie de choque psicológico ou paralisia. Interrogadores experientes reconhecem quando surgem esses sintomas. Sabem que nesse instante, a fonte é mais suscetível a sugestionamento, mais propensa a cooperar do que antes de receber o choque.” Um professor de economia da Universidade de Chicago, Milton Friedman viu nessa terapia de choque uma oportunidade incrível para o capitalismo. Ele acreditava que a terapia do choque econômico poderia estimular sociedades a aceitar uma forma mais pura de capitalismo desregulado. Ele afirmava que se o governo parasse de prover serviços e de regular os mercados, a economia se corrigiria sozinha. Nos anos 50, ele foi considerado louco, mas nos últimos 30 anos, suas ideias se tornaram a doutrina econômica dominante. Essas doutrinas que dominaram o mundo através de choques, precisaram de crises e estados de emergência. “Só uma crise real ou pressentida, produz mudança verdadeira. Quando a crise acontece as ações que são tomadas dependem das ideias à disposição”, dizia Friedman.

               O governo americano fez várias experiências com a terapia de choque econômico através de ditaduras em países como o Chile, Argentina e inclusive Brasil. A sua última experiência começou no dia 11 de setembro de 2001, após os ataques às torres gêmeas. Esses ataques foram tão bem arquitetados para se conseguir uma nova terapia de choque, que quase ninguém percebeu. Atribuir a Al-Qaeda e à Bin Laden os ataques foi só um pretexto para alavancar uma nova indústria altamente rentável: a indústria armamentista americana. Se os EUA queriam atacar um país onde os líderes da Al-Qaeda poderiam estar escondidos, que possuía armas nucleares e vendia tecnologia nuclear a outros países, o Paquistão seria a opção óbvia. Pois tinha estreitas relações com os talibãs e era governado por um ditador militar. Mas o país alvo, o novo descobrimento capitalista foi o Iraque: a terceira maior reserva de petróleo do mundo.

               Após “descobrir” e conquistar o Iraque, o governo americano demitiu 500 mil funcionários públicos iraquianos e a “bonitinha” ajuda dos EUA foi exclusivamente para as empresas americanas instaladas no Iraque. O trabalho escravo ficou para o povo iraquiano. Foi um descobrimento capitalista muito rentável para as indústrias americanas, pois faturaram bilhões. A Creative Associates ganhou contratos no valor de 100 milhões de dólares para criar o currículo e imprimir novos livros para o sistema educacional. A firma de gestão e tecnologia, Bearing Point, ganhou contratos no valor de 240 milhões para construir um sistema mercantilista no Iraque. A RTI, da Carolina do Norte, ganhou contratos no valor de 466 milhões de dólares para assessorar a implantação da democracia no Iraque. A Halliburton recebeu 20 bilhões de dólares, além de contratos no Iraque. A Parsons recebeu 186 milhões de dólares para construir 142 clínicas onde, apenas 6 foram concluídas. Até a nova moeda iraquiana foi impressa no exterior. Tudo isso com o dinheiro do petróleo iraquiano. As indústrias americanas tomaram o Iraque e fazem o que bem entendem, pois depois de um grande choque, a sociedade está mais suscetível a aceitar qualquer transformação na economia.

                Em 2001, o boom das notícias era o 11 de setembro. Em 2011 é a suposta morte de Bin Laden pelas tropas americanas e a retaliação por parte da Al-Qaeda. É bem notável que estamos diante de uma nova terapia de choque. As indústrias americanas querem mais. É claro que mais uma farsa do governo americano está por vir. Resta saber qual o país será o alvo do “descobrimento” capitalista. Pode ser a China, a Rússia, a Coréia do Norte ou quem sabe o Brasil. Talvez os americanos, para invadir o país, aleguem que os brasileiros estão escondendo líderes da Al-Qaeda ou então armas nucleares. Tudo em nome da guerra contra o terrorismo ou do descobrimento capitalista? Não somos a terceira maior reserva de petróleo do mundo, mas somos a primeira maior reserva de água doce. Dizem que no futuro, água valerá mais que ouro...


TRAILER DO DOCUMENTÁRIO A DOUTRINA DO CHOQUE

LINK PARA DOWNLOAD DO FILME:



Nenhum comentário:

Postar um comentário