Era
uma vez uma criança com seus nove anos incompletos, mas com um corpo de uma
moça. Olhos e cabelos negros, jeito de princesa, meiguice de criança. 18 de maio de 1973, a Menina-Moça sai da
escola às 4:30 da tarde e caminha para o ponto de ônibus para ir embora. O seu
herói, aquele que ela chamava de pai a esperava em casa para brincarem com o
seu cão, o Radar. Radar era criado pela Menina-Moça desde filhote. Ela o
batizara com este nome, pois dizia que ele seria capaz de encontrá-la em
qualquer lugar... Em frente ao ponto de
ônibus, a Menina-Moça se distrai com um gatinho pequeno e peludo. Brinca com o
felino e pensa em levá-lo para casa.
Toda sorridente com o gatinho nos braços, não ouve o grito de um amigo
dizendo que ela iria perder o ônibus que passava em frente ao ponto. Era tarde
demais... Tarde demais para pegar o ônibus e ir para a casa... Era tarde demais
para sair com vida...
A
menina se vê perdida e desamparada no ponto de ônibus. Ela sabe que levará uma
bronca do seu herói por chegar tarde em casa. Com os olhos marejados de
lágrimas e as mãozinhas segurando o gatinho peludo, ela avista o seu triste
futuro... Um carro bonito pára em frente ao ponto de ônibus. Era branco como o
gatinho que a Menina-Moça carregava nos braços. A porta do carro se abre. Com
um sorriso no rosto e com um sorvete na mão, ele oferece carona para ela. A Menina-Moça receosa no início tem medo de
entrar no carro. O gatinho, ao ver aquele sorriso maquiavélico vestido de anjo,
começa a miar e a unhar a menina. Ela consegue dominar o animal e decide entrar
no carro quando o homem do sorriso lhe diz que o gatinho está com fome e que
poderá arrumar ração para o felino. A
Menina-Moça não sabia do plano diabólico que 2 homens traçaram para possuí-la
como se ela fosse uma mulher.
O
homem pediu a Menina-Moça para chamá-lo de “tio”. Com seus olhinhos tímidos, a
menina inocentemente perguntava por que o “tio” havia parado em frente a uma
bonita casa. O homem do sorriso então explica que lá no sótão da casa havia
ração e muitos brinquedos. Ela então sobe as escadas até o sótão. Como em um
filme de terror, a menina avista aquele quarto cheio de coisas velhas, teias de
aranha e cheirando a morte. Ela entra... A porta do quarto é fechada com muita
força e o gato começa a miar alto. Havia mais um homem dentro do quarto. A
Menina-Moça tenta gritar, mas leva um murro no rosto. O gatinho cai em cima do
corpinho da menina desfalecida. Ele tenta fugir, mas é pego pelo segundo homem.
Olhando para a menina desacordada, aquele homem quebra o pescoço do gatinho
como se fosse um palito. Passado alguns minutos a menina acorda com uma dor
horrível: seu queixo foi deslocado, seus dentes quebrados e seu sangue está por
todo o lado. Ao mesmo tempo em que percebe isso, ela vê o gatinho morto ao seu
lado. Ela começa a chorar de dor e de pavor! O choro incessante da menina chama
a atenção dos 2 homens que estão cheirando cocaína em uma mesa do quarto. “Ela acordou” diz o homem do sorriso
puxando a menina pelos cabelos. Ele a arrasta para o centro do quarto. Tirando
o cinto das calças, o homem grita histericamente para que a menina faça um
“carinho” no “tio”. A Menina-Moça, pensando ser um pesadelo, desmaia...
Já
era noite e a Menina-Moça não consegue distinguir as cenas que se passam. Já ia
desfalecendo quando o homem do sorriso coloca alguma coisa em sua boca e a
obriga a engolir. Era o LSD... Ela sente
muita dor, vê tudo distorcido, está toda molhada de suor, sêmem e sangue. Ela
vê os monstros das histórias que sua mãe contava. Eles estão rindo como se fossem demônios do
inferno que o padre da igreja falava. Ela ouve música e gritos. Era uma festa recheada de sexo e drogas onde
ela era a atração principal. Homens fazem fila para estuprá-la e torturá-la.
Seus mamilos são arrancados pelos dentes dos monstros da história de sua mãe. Sua
vagina é dilacerada a dentadas pelos demônios que o padre da igreja falava. Agora a menina já não era mais a Menina-Moça,
era a Menina-Mulher dos demônios...
Mais
uma dose de LSD e a Menina-Mulher já não está aguentando de dor e de tantos
monstros que ela vê. Ela quer que esse pesadelo acabe logo! O homem que matou o
gatinho parece ouvir suas preces. Quando mais uma sessão de estupro vai
começar, ele tem um ataque de fúria causado pelas drogas e a asfixia com as
próprias mãos. A Menina-Mulher vai embora lentamente... Ela se lembra do seu
cachorro Radar, das tardes de domingo brincando de pique esconde com seu irmão
e da família reunida para ir à praia. Ela se lembra do herói que ela chamava de
pai e do sotaque engraçado da mãe. Ela se lembra das suas bonecas e de todos os
nomes que deu a elas. Ela se lembra do casamento de mentirinha que ela e o
menino da escola fizeram. Ela se lembra do juramento que fizeram de que quando
crescessem eles iriam se casar de verdade. E durante esse milésimo de sonho,
ela se esqueceu de tudo que estava acontecendo. Então fechou os olhos e foi
embora... Dias se passaram e os demônios assassinos resolveram ocultar o corpo.
Um ácido corrosivo foi jogado sobre os restos mortais da menina para dificultar
sua identificação. O corpo sem vida, nu e desfigurado foi jogado em um terreno
baldio. A Menina-Moça tinha razão ao dizer que o cão Radar a encontraria em qualquer
lugar... Ele, juntamente com o seu herói, a encontrou em uma geladeira de um
IML do estado do Espírito Santo. O corpinho frio da menina desfigurada
permaneceu na geladeira durante 3 anos desafiando as mais poderosas famílias do
estado. Os filhos dessas famílias estavam sendo acusados do hediondo crime. Esses
filhos são os demônios do pesadelo da Menina-Moça. No final da história, a justiça brasileira ajudou esses
demônios a vencerem o corpo desfigurado da geladeira do IML...
Dia 18 de maio é considerado o dia nacional de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Dia 18 de maio, o provável dia da morte da nossa Menina-Moça chamada de Araceli Cabrera Crespo. Essa data, na qual era para tornar-se uma luta contra a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes, não passa apenas de uma simples data. Até hoje existem demônios que matam e exploram nossas meninas e meninos. 39 anos se passaram e nada foi feito! 39 anos se passaram e a Menina-Moça caiu no esquecimento! 39 anos se passaram e os mesmos crimes de exploração continuam acontecendo! 39 anos se passaram e os mesmos demônios que mataram nossa Menina-Moça estão à solta nesse lugar que às vezes é céu e outras vezes é o inferno chamado de Brasil!
Dia 18 de maio é considerado o dia nacional de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Dia 18 de maio, o provável dia da morte da nossa Menina-Moça chamada de Araceli Cabrera Crespo. Essa data, na qual era para tornar-se uma luta contra a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes, não passa apenas de uma simples data. Até hoje existem demônios que matam e exploram nossas meninas e meninos. 39 anos se passaram e nada foi feito! 39 anos se passaram e a Menina-Moça caiu no esquecimento! 39 anos se passaram e os mesmos crimes de exploração continuam acontecendo! 39 anos se passaram e os mesmos demônios que mataram nossa Menina-Moça estão à solta nesse lugar que às vezes é céu e outras vezes é o inferno chamado de Brasil!
Reportagem do Globo Repórter em 1977 sobre o assassinato de Araceli (muito bom, recomendo assistir)
Parte 1:
Parte 2:
Parte 3:
Parte 4:
Parte 5:
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