segunda-feira, 28 de março de 2011

Estou na época errada (Batismo de Sangue)

Artigo baseado no filme: BATISMO DE SANGUE



               Definitivamente eu estou na época errada... Estou na época de freqüentadores de escolas e universidades e não de verdadeiros estudantes. Pude comprovar isto vendo o filme Batismo de Sangue, onde os estudantes eram unidos e lutavam por um ideal: a liberdade do nosso país. De 1964 até 1985 a ditadura corroeu a democracia e a liberdade do Brasil. Apesar de ser uma época sombria, foi a época mais produtiva de pensamentos e ações sociais por parte dos estudantes. Eles pensavam e agiam, diferentemente de hoje, onde, na maioria das vezes, temos “estudantes” bêbados e dançarinos de forró universitário. Não quero dizer que dançar ou beber seja algo dantesco, mas torna-se dantesco aliado ao fato de não pensar e agir socialmente. E é exatamente isso o que acontece atualmente.
               Fico imaginando o que pensa, por exemplo, Frei Betto ou qualquer universitário da década de 60 sobre a posição desses atuais freqüentadores de universidades. Se eu tivesse sido uma estudante militante daquela época, eu estaria em uma depressão profunda em ver a situação da educação brasileira. Principalmente sabendo que muitos dos companheiros universitários morreram torturados no pau-de-arara defendendo a liberdade do país. Morreram lutando por um Brasil melhor e, como legado, herdaram estudantes despreparados e desinteressados pela situação do país.
               Essa herança é pior do que a tortura de ter o corpo mutilado ou ter o psicológico arrasado. Se o delegado Freury estivesse vivo, iria adorar a situação da educação de hoje. Não teria que sujar as mãos de sangue para torturar estudantes, pois estes, já não defendem ideal algum. E há idéias e lutas a serem travadas no nosso país. Há a luta pela igualdade social, a luta contra a fome e pobreza, há a luta contra todos os tipos de violência, a luta pelo meio ambiente, há a luta por uma educação melhor. Quem se interessa por essas lutas? Pode-se contar nos dedos quem se interessa...
               É extraordinário o modo como o governo conseguiu “domesticar” a ira estudantil. Foram direto na fonte da criação dessa ira: a educação. Perceberam que se conseguissem mudar a educação, conseguiriam conter os estudantes. Pois, os militantes estudantis contra a ditadura de 64 estudavam a fundo política, filosofia, sociologia e história. E essas matérias estimulavam o pensamento sobre liberdade e igualdade social. Esta é novamente a prova de que uma educação “pensante” é a chave para se mudar um país. Hoje em dia, os estudantes não gostam de sociologia e muito menos política. Será por quê?
               Gosto de estudar a ditadura militar e ver a bravura dos estudantes. Eram guerreiros e anjos. Lutavam por um ideal e morriam por ele. Ao comparar a nossa época com a da ditadura, percebo que quase nada mudou. A ditadura acabou, mas temos uma falsa democracia e uma censura maquiada. Talvez, algumas coisas mudaram para pior. Os estudantes daquela época estariam, nesse momento, discutindo sobre a liberdade do povo, os de hoje estão discutindo sobre quem deve ganhar o BBB. É por isso que eu digo: estou na época errada. E você?


TRAILER DO FILME BATISMO DE SANGUE
LINK PARA DOWNLOAD DO FILME:



"Batismo de Sangue" - 2007
FICHA TÉCNICA
Diretor: Helvécio Ratton
Elenco: Caio Blat, Daniel de Oliveira, Cássio Gabus Mendes, Ângelo Antônio, Léo Quintão, Odilon Esteves, Marcélia Cartaxo, Marku Ribas.
Produção: Helvécio Ratton




quinta-feira, 24 de março de 2011

A Casa Vermelha (Anjos do Sol)

Artigo baseado no filme: ANJOS DO SOL

  
             Casa Vermelha... Este país não deveria se chamar “Brasil”, mas sim “Casa Vermelha”. A pensão sexual onde tudo é permitido: pai vende filha para ter como sustentar os outros filhos; criança é leiloada como um gado; criança é estuprada; criança não sabe ler; mulheres são tratadas como mercadorias e por aí vai. É o nosso grande Brasil, ou devo dizer: grande Casa Vermelha. O filme Anjos do Sol dá um tapa na cara de cada brasileiro e implora para que vejamos o que está acontecendo com nosso povo.
               “Primeira vez aqui na Casa Vermelha é sempre com o padrinho aqui. Vai deita... Deita porra!”. Esta é uma frase marcante do filme, mas que resume a situação de milhares de crianças que são exploradas sexualmente no Brasil. A primeira vez que a infância é roubada e a primeira e única vez que a inocência é ferida e destruída. Quantas crianças, agora, neste momento, estão ouvindo uma frase parecida com esta citada no filme? Será que não é o momento de exigirmos a castração química desses pedófilos ou preferimos que a Comissão de Direitos Humanos continue a protegê-los alegando ser cruel este tipo de castração?
               A pessoa que viola uma criança é um monstro. Seja a violação do seu corpo ou dos seus sonhos. Convivemos com monstros diariamente, eles podem ser seu irmão, seu pai, sua mãe, seu amigo, seu marido, seu filho. Ele pode estar escondido, mas espalhando o medo em cada criança violentada. Um medo que deixará conseqüências psicológicas dessa violência pelo resto da vida. Sem contar, que a criança violentada tem chances enormes de ser um futuro violentador e fazer a história se repetir.
               Até quando vamos continuar a vender nossas crianças e sustentar o vício de milhares de pedófilos espalhados por nosso país? Estamos sim, vendendo-as, quando fechamos os olhos para a situação da sociedade e da educação brasileira. Cada um de nós tem a sua parcela de culpa quando não cobramos dos nossos governantes uma atitude para mudar esse país, quando votamos nos nossos representantes sem estudar os projetos por eles oferecidos.         
               É interessante como a personagem Maria é o retrato da situação do nosso país. Ela não somente é vítima da pedofilia e da exploração infantil. Ela é a vítima da pobreza, da fome, da má distribuição de renda e da péssima situação da educação. Maria representa todos os brasileiros espalhados por essa imensa Casa Vermelha. Maria é a Marina, sua vizinha, é o José, o vigilante da faculdade que você estuda, é a Paula, a filha do gari, é o Antônio, que é o pai da Paula. Maria é o seu próximo à direita ou à esquerda, à sua frente ou às suas costas. Maria é a moradora da Casa Vermelha, onde todos os dias muitos violentadores se põem em fila na porta do seu quarto esperando que ela abra as pernas e chore de dor. 

TRAILER DO FILME ANJOS DO SOL

LINK PARA DOWNLOAD DO FILME:
http://www.megaupload.com/?d=2LUQE72P 


“Anjos do sol”- Brasil – 2006 - Direção: Rudi Lagemann – Com Antônio Caloni, Chico Diaz, Vera Holtz, Otavio Augusto, Fernanda Carvalho

segunda-feira, 21 de março de 2011

A história se repete (O desastre de Chernobyl)

Artigo baseado no documentário: O DESASTRE DE CHERNOBYL 



             Sexta-feira, 25 de abril de 1986. Era um dia lindo de primavera na Ucrânia. Todos da cidade de Prypyat esperavam ansiosos a inauguração do parque de diversões que seria no próximo domingo. Enquanto esperava seu filho voltar da escola, Jenna, uma jovem mãe de 25 anos, amamentava seu bebê. Ela estava feliz, pois tinha tudo o que sempre sonhara: 2 filhos lindos, um marido maravilhoso e um lugar tranqüilo para se viver. Jenna fazia planos para o domingo em família. Iria fazer um piquenique com os 2 filhos e o marido e logo depois iriam para o parque de diversões. Seria um dia perfeito para a família.  O que Jenna não imaginava é que este dia de sonhos nunca chegaria. O que chegaria seria um dia de pesadelos para todos da pequena Prypyat e para o mundo inteiro. O maior desastre nuclear estava pronto para acontecer e acabar com centenas de milhares de vidas: o desastre de Chernobyl.
               Uma série de explosões em uma usina nuclear a 3 km da cidade seria o tema de discussões sobre até que ponto a humanidade se arriscaria a utilizar a energia nuclear. Parece que o desastre de Chernobyl não adiantou muito. Os próprios homens construíram seu pior inimigo. E não é qualquer inimigo. É o mais poderoso, o mais mortal, o mais perfeito. E um detalhe que faria inveja em toda a Al-Qaeda: era um inimigo invisível. Mesmo com a dizimação de milhares de vidas e a contaminação de solos, vegetação e água pela radiação, as nações não aprenderem quase nada com o desastre de Chernobyl. Ainda continuamos a “brincar” com o nosso maior e pior inimigo.
               Estamos no ano de 2011, dia 11 de março, Japão. Kito, assim como Jenna, 25 anos antes, espera seu filho sair da escola. Ela estava feliz porque tinha a família perfeita: um marido maravilhoso, um filho lindo e morava em um país de primeiro mundo. Um país super desenvolvido, com aparatos tecnológicos de última geração. O país dos sonhos de qualquer cidadão. Kito planejava o próximo domingo com a família: iriam para a praia. Seria um dia perfeito. Mas aquele dia também não aconteceria. Um tsunami varreu a cidade de Kito e o pior inimigo da humanidade, antes encarcerado na usina nuclear, estava solto.  Rondando não somente a família de Kito, mas todo esse país mega desenvolvido e, porque não dizer, rondando o mundo.
               É engraçado como a história se repete. As histórias de Jenna e Kito são parecidas e ambas foram marcadas por tragédias. A história de Jenna sabemos o final. Todos da sua família foram contaminados pela radiação. Jenna perdeu seus 2 filhos e marido. Ela foi a única que sobreviveu. Atualmente está com câncer de tireóide e já sabe que a morte a espera. Já a família de Kito sobreviveu ao tsunami, mas resta saber se sobreviverá à radiação.
               As tragédias de Chernobyl e a do Japão estão sendo marcadas também por outro inimigo criado pelo homem: a mentira. Em Chernobyl, o governo soviético não divulgou os fatos reais para a população na época. Somente depois de 20 anos que o mundo foi saber a gravidade dos acontecimentos de Chernobyl. No Japão, o governo diz que a situação está sob controle. O que mais intriga é que em Chernobyl até hoje a situação não está sob controle, pois a radiação continua a contaminar solo, vegetação e água. Isso sem contar que o sarcófago criado sobre a usina tem “validade” de 30 anos. Já se passaram 25 anos e ainda não há um novo sarcófago. A Ucrânia não tem dinheiro para construí-lo. Como o Japão em apenas 1 semana está com a situação sob controle?
               Está claro para o mundo que a história se repete. O nível de radiação no Japão pode ser comparado ao nível de radiação em Chernobyl. E não estamos distantes de um desastre nuclear. Será que ainda assim vamos continuar a “brincar” com o nosso maior e pior inimigo ou vamos procurar uma fonte limpa de energia? O que não aprendemos é que o maior triunfo de um país pode ser a sua pior tragédia. A humanidade é como um bebê brincando com uma afiada faca. E mesmo com cicatrizes profundas, continua a brincar...

Vídeo: O desastre de Chernobyl