O pitbull é um cão que tem uma força de mordida de
200 kg, o que equivale a 4 sacos de cimento. Sua boca abre de uma orelha a
outra, permitindo um perfeito encaixe dos dentes, com isso, ele morde e não
solta a presa. É um cão muito poderoso e se não for criado por criadores
responsáveis que o respeite e o trate bem, se torna extremamente agressivo. E
isso pode ser fatal... Imagina um pitbull que cresceu preso a uma corrente,
encarcerado dentro de um canil minúsculo e que foi chutado todos os dias de sua
vida? Quando ele conseguir sair desse canil, pode ter certeza que ele odiará e
morderá a primeira pessoa que atravessar na sua frente. A mesma coisa pode
acontecer com pessoas encarceradas. Não estou dizendo que as pessoas são como
cães, mas todos tem algo em comum: o ódio e a raiva como defesa.
Agora
imagina um rapaz que cometeu pequenos delitos como furtos e foi condenado a
viver do lado de um assassino que já matou umas 40 pessoas. Esse rapaz vai
poder aprender muitas coisas com este assassino, inclusive aprender a matar. É
interessante ver como um crime puxa o outro. É interessante ver que quando se entra nesse
mundo de crimes, a tendência é sempre ir aprendendo outros crimes mais
hediondos. É notório como a nossa sociedade ocidental tem essa mania de tratar
a “doença” ao invés de “preveni-la”! Posso chamar de doença o mundo da criminalidade,
uma doença que a sociedade é a própria culpada! Essa criminalidade no Brasil
tem a sua raiz na falta de criação e aplicação de políticas públicas, fato que produz,
além dos crimes mais comuns, a reincidência, pois geralmente aqueles que vivem na
criminalidade não têm a oportunidade de emprego, lazer e acesso a escola. Os
indivíduos que praticam pequenos delitos e são encarcerados dentro das
penitenciárias, muitas vezes, poderão desenvolver um potencial criminoso sem
limites, pois geralmente terão um contato maior com o mundo do crime dentro das
próprias penitenciárias. Irônico isso, não? Cometer pequenos delitos é como um
“vestibular” para entrar na Universidade dos Crimes. Sabe qual o nome dessa
Universidade? Chama-se PENINTENCIÁRIA! E elas estão recebendo mais e
mais alunos! A população carcerária mais que dobrou nos últimos 11 anos. Foi de
233 mil presos, em 2000, para 496 mil no ano de 2011 - um salto de 113%.
Segundo dados do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), do Ministério da
Justiça, só entre 2000 e 2005, a quantidade de presos subiu 55%, somando 361
mil. De quê adianta prender e humilhar o indivíduo e não proporcionar a ele
políticas que realmente o farão sair da criminalidade? Realmente a música do Eduardo do Facção Central é a
mais pura verdade: “Sistema
carcerário ainda é curso pra latrocínio”...
Como
toda a regra há exceção, sempre haverá aqueles que realmente abandonam a
criminalidade quando saem das penitenciárias. Esse número de pessoas que
abandonam os crimes poderia ser maior se houvesse a real criação e efetivação
das políticas públicas e uma maior atenção à educação no país. Enquanto não é
feito isso, temos de conviver com outros tipos de números maiores: pouco
mais de 512 mil pessoas foram assassinadas no Brasil entre 1997 e 2007, segundo
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em dez anos, morreram dez vezes
mais vítimas de homicídios do que os Estados Unidos tiveram de vidas
sacrificadas nos anos de guerra do Vietnam. É isto mesmo: vivemos em uma
guerra! De acordo com o Mapa da Violência 2011, que faz uma análise com dados
comparativos entre 98 e 2008, entre as causas externas, o homicídio é
responsável por 40% das mortes de jovens. No Brasil, o índice de mortes por
homicídio entre jovens é o dobro da média geral: 50 brasileiros de 15 a 24 anos
são mortos por ano para cada 100 mil habitantes. Espírito Santo e Paraná são os
estados com maior índice de mortes violentas de jovens.
A
guerra já começou há tempos e está matando qualquer um: seja rico, pobre,
branco ou negro! As casas já estão virando verdadeiras prisões com seus
sistemas de segurança e suas grades de aço. Nossas crianças já dão aulas de
como manobrar fuzis! Não adianta culpar o traficante, o assaltante ou o menino
de rua! Eles são produtos de uma sociedade que é uma fábrica de criminalidade!
Quando não se oferece às pessoas que erraram uma oportunidade para realmente
mudarem de vida, quem perde mais com isso é a própria sociedade, pois a fábrica
de criminalidade continuará a todo vapor. Enquanto nós não cobrarmos uma
verdadeira educação e políticas públicas para o nosso povo, o que vamos
produzir é isso: um mundo em guerra! Veremos o cenário nacional cada vez pior.
E não é brincadeira isso! Se você acha que essa guerra nunca irá lhe afetar, espere
até ver a sua filha ou a sua esposa ser estuprada em cima do seu corpo furado
por uma 380!
Documentário "O Prisioneiro da grade de ferro"
Obs: Documentário baseado na penitenciária Carandiru
Obs: Documentário baseado na penitenciária Carandiru